quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

A terceira via

Ontem, num contexto que não vêm agora ao caso, relembraram-me uma ideologia política que ganhou alguma força nos anos 80 e 90, chamada a terceira via. De uma forma muito simplista, tentava ser uma alternativa ideológica aos blocos dominantes do socialismo soviético e neo-liberalismo americano e que advogava (também de uma forma muito simplista) que no meio das duas ideologias estaria a virtude.

Mas porque raio rompo eu o meu longo silêncio aqui no blogue para vir falar de questões ideológicas?

Quem me acompanha no Twitter sabe que, nos últimos dias, tenho defendido que o que se passou na luz foi, em grande parte, fruto da corrupção que não larga o futebol português há mais de 30 anos. No entanto, apesar de ver que muitos partilham a minha opinião, tenho visto na minha timeline que há também já um número considerável de vozes que responsabilizam JJ e BdC pela derrota e que começam a manifestar a sua desilusão com esta direcção e com os resultados do seu projecto desportivo.
Também  notei que, pela primeira vez desde que tenho conta no Twitter, perdi um número significativo de seguidores, facto que não posso deixar de associar às ideias que defendo.

Apesar de inicialmente ter olhado para o BdC com desconfiança, o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido quer a nível financeiro quer a nível desportivo tem sido do meu agrado.
A nível financeiro, a não ser que haja algum elefante (bem) escondido, a recuperação é notória e de uma situação de quase falência, avançamos para uma situação tendencialmente estável.
A nível desportivo, se é verdade que ainda não alcançámos o título de campeões nacionais de futebol, já vencemos uma Taça de Portugal e uma Supertaça, o que não acontecia há 6 épocas. Mas, para mim, o maior feito desta direcção, a nível desportivo, tem sido o ressurgimento do Sporting como clube eclético, com apostas fortes em várias modalidades e (re)lançamento de muitas outras. O aumento do nível de competitividade na maioria das modalidades é evidente, sendo de realçar o facto de já terem sido alcançados resultados significativos em termos nacionais e internacionais, por vezes em modalidades que foi preciso recuperar do zero, como foi o caso do Hóquei em Patins.

Ainda assim, aceito que há áreas onde esta direcção tem tido pouco êxito:

1. Não tem sido capaz de destruir a teia de corrupção montada no desporto nacional - Tem tentado, mas temos de reconhecer que com pouco êxito. Consegue agitar a superfície, mas as "estruturas" continuam bem implantadas e parecem até mais sólidas e confortáveis do que nunca;

2. Estratégia de comunicação pouco consistente - É verdade que tem pela frente uma das mais poderosas máquinas de propaganda existentes em Portugal, assente em duas figuras execráveis mas muito eficazes na forma como construíram essa mesma máquina (josé eduardo moniz e joão gabriel), mas convenhamos que pouco mais tem feito do que cócegas na dita. A isto se alia o que parece ser a falta de um rumo e de uma estratégia de comunicação estável. O objectivo não pode ser provocar uns arranhões na máquina. É preciso perceber como ela funciona, quais os seus pilares e como a destruir. E esse caminho não está sequer iniciado. A isso se conjuga uma imagem demasiado presente do BdC, que admito ser um mal necessário, mas onde muita gente não se revê.

O caminho mais fácil para a resolução destes problemas era fazer o mesmo que os lampinos fizeram, ou seja, montar uma estratégia de longo prazo com o objectivo de substituí-los na cabeça deste polvo, mas esse não é o caminho que eu quero, nem me parece ser o caminho que os Sportinguistas querem. Queremos ser os melhores e ganhar, não queremos ganhar a qualquer preço.

Esta é a minha maneira de ver as coisas, mas sinto que há muitos Sportinguistas que não sentem o mesmo. E aqui falo de Sportinguistas sérios, que não são chegados ao croquete nem têm aspirações a isso. Vejo essa insatisfação em muitos deles. Mas a verdade é que, até ao momento, ainda não apareceu uma terceira via no Sporting. E o que seria essa terceira via?

Até ao mandato do BdC e nos 15 anos que o antecederam, o Sporting foi um clube que se centrou demasiado no futebol e que acreditava que o melhor caminho seria o das alianças, seja com lampinos, fruteiros, agentes ou fundos de investimento. O discurso era suave e a postura também, tentando apanhar os restos que caíam da mesa dos seus parceiros de aliança. Pelo meio delapidou-se património e a gestão foi caótica. O Sportinguismo dos dirigentes e mesmo dos presidentes era pouco evidente e assumido. Chamemos a esta via, a croquetista.

Após a chegada de BdC a postura alterou-se 180º. Passámos para a fase do orgulhosamente sós, sem alianças e com os antigos parceiros identificados como inimigos. O estilo é truculento e agressivo. O Sportinguismo dos dirigentes e presidente é claramente assumido. A gestão passou a ser mais séria e transparente, mas a comunicação é feita de forma caótica e a imagem da direcção fora do clube é má. Chamemos a esta via, a carvalhista.

O que eu sinto é que parece haver muitos Sportinguistas que não se revêm em nenhuma destas vias e que se encontram órfãos. Eu não estou nessa situação porque, tal como já disse, aprecio o trabalho que esta direcção tem desenvolvido, mas sinto que falta um candidato sério, que se afaste das linhas croquetistas e carvalhistas. Falta uma terceira via, com um projecto credível para o Sporting, seja a nível desportivo, financeiro e mesmo ideológico.  Não me venham com os barreiros, figos, ricciardis ou outros que tais pois, com a linha croquetista, não há grande debate e dificilmente podem ser alternativas ao BdC. O João Benedito poderia ser essa terceira via? Não sei, mas até agora os passos que deu dão a entender que não será.
Mas espero, sinceramente, que essa terceira via apareça. Não quero com isto dizer que seja para votar nela mas, para mim, as eleições servem para debater ideias que ajudem as instituições a crescer e, com esta terceira via, o debate de ideias poderá ser mais aberto e abranger todos aqueles Sportinguistas que não se revêm em nenhumas das alternativas apresentadas até agora.

Saudações Leoninas

segunda-feira, 11 de julho de 2016

A noite dos patinhos feios

Que noite! Depois de EM 2004 assistir à derrota ao vivo frente à grécia, nunca pensei que fosse possível viver outra final de um campeonato da Europa num espaço tão curto de tempo e que ela tivesse o desfecho que teve. Em 2004 tínhamos tudo a nosso favor e falhámos. Ontem tínhamos tudo contra e ganhámos. E é aqui que entra o primeiro patinho feio: A Seleção Portuguesa era o patinho feio do Euro com que, numa primeira fase, todos gozavam e a partir dos quartos-de-final a selecção que todos desdenhavam. Mas com uma crença enorme, grande capacidade de sacrifício, muita inteligência e desempenhos individuais notáveis alcançámos o nosso objectivo.
Mas se é verdade que houve jogadores, que fizeram um Europeu notável como Pepe, José Fonte, Raphael Guerreiro, Cédric, William, Adrien, Nani, Renato Sanches, Quaresma e, obviamente, Ronaldo queria dedicar algumas linhas aos três patinhos feios deste grupo. Com o primeiro nunca fui injusto, com os outros dois... já lá vamos.

Patinho Feio nº 1
















Rui Patrício - Sempre o achei um fora de série. Chegou à baliza de um grande aos 19 anos. Teve de crescer nessa condição e com essa pressão em cima mas nunca virou a cara à luta. No processo de crescimento cometeu erros graves, mas sempre que os cometeu não vacilou e se fosse preciso nesse mesmo jogo ainda salvava mais um ou dois golos. Mas esses erros, que com os anos têm vindo a desaparecer, valeram-lhe a chacota nacional por parte de claques adversárias (como aconteceu no dragão), marcas de mixórdias com a mania que são cerveja e principalmente de um dirigente benfiquista que começa a ganhar um lugar no anedotário nacional: rui gomes da silva. Este ser é hoje um exemplo daquilo em que os lampinos se tornaram: seres de visão turva e que tentam dobrar a verdade à sua vontade.
Mas o que se viu neste Europeu foi um guarda-redes com o seu processo de crescimento totalmente concluído e que foi um dos grandes obreiros deste título europeu. Ontem fez uma exibição perfeita! Mesmo no único lance em que a bola passou por ele e foi ao poste, caso levasse a direcção da baliza ia encontrar o pé dele no caminho.
Para o nosso Rui, o meu enorme Obrigado!

Patinho feio nº 2














Ao Fernando Santos começo por pedir desculpa. Peço desculpa porque não tinha a fé inabalável dele. Ele sempre acreditou. Eu só acreditei quando o árbitro apitou. Ele tinha a sua ideia e seguiu-a até ao fim. Eu não acreditava nela até ao Éder marcar. É verdade que começámos mal, mas ele foi corrigindo os erros e eu não me apercebi que ele tinha um plano para lá chegar. O plano não era bonito, mas era um plano e ele ia fazer tudo para que o cumpríssemos. E como nos fazia falta ter um plano!
Isto de ter um engenheiro a treinador de futebol afinal tem sentido, pois se há coisa importante para um engenheiro é seguir um plano e entregar a obra feita!
Para o Fernando Santos, um enorme pedido de desculpas, por não ter percebido qual era o seu plano e não ter tido a fé que ele teve. E por isso tudo também o meu enorme Obrigado!

Patinho feio nº 3



Éder, Éderzito, Enorme Éder. O herói nacional mais improvável e o mais injustiçado de todos os jogadores da Selecção que ontem se tornou na nova Campeã da Europa. E eu aqui me penitencio, besta que nada percebe de futebol, pois tantas vezes me perguntei o que raio estavas lá tu a fazer e nunca consegui perceber que estavas lá para nos fazer Campeões da Europa.
Se a visão de que precisávamos de alguém para fixar os centrais e segurar o jogo na frente foi do Fernando Santos, a vontade, a crença e a força foi toda tua. A forma como pegaste na bola e tentaste o remate ainda longe da baliza, com a fé de quem vai fazer história, foi impressionante. Eras um homem com uma missão e cumpriste-a a 100%. Por tudo isto tenho duas coisas para te dizer:
DESCULPA E UM ENORME OBRIGADO!

E é por causa de todos estes patinhas feios que acabo este post em lágrimas e a dizer:

VIVA PORTUGAL!

A noite dos patinhos feios

Que noite! Depois de 2004 assistir a derrota ao vivo frente à grécia, nunca pensei que fosse possível viver outra final de um campeonato da Europa num espaço tão curto de tempo e que ela tivesse o desfecho que teve. Em 2004 tínhamos tudo a nosso favor e falhámos. Ontem tínhamos tudo contra e ganhámos. E é aqui que entra o primeiro patinho feio: A Seleção Portuguesa era o patinho feio do Euro com que, numa primeira fase, todos gozavam e a partir dos quartos-de-final a selecção que todos desdenhavam. Mas com uma crença enorme, grande capacidade de sacrifício, muita inteligência e desempenhos individuais notáveis alcançámos o nosso objectivo.
Mas se é verdade que houve jogadores, que fizeram um Europeu notável como Pepe, José Fonte, Raphael Guerreiro, Cédric, William, Adrien, Nani, Renato Sanches, Quaresma e, obviamente, Ronaldo queria dedicar algumas linhas aos três patinhos feios deste grupo. Com o primeiro nunca fui injusto, com os outros dois... já lá vamos.

Patinho Feio nº 1
















Rui Patrício - Sempre o achei um fora de série. Chegou à baliza de um grande aos 19 anos. Teve de crescer nessa condição e com essa pressão em cima mas nunca virou a cara à luta. No processo de crescimento cometeu erros graves, mas sempre que os cometeu não vacilou e se fosse preciso nesse mesmo jogo ainda salvava mais um ou dois golos. Mas esses erros, que com os anos têm vindo a desaparecer, valeram-lhe a chacota nacional por parte de claques adversárias (como aconteceu no dragão), marcas de mixórdias com a mania que são cerveja e principalmente de um dirigente benfiquista que começa a ganhar um lugar no anedotário nacional: rui gomes da silva. Este ser é hoje um exemplo daquilo em que os lampinos se tornaram: seres de visão turva e que tentam dobrar a verdade à sua vontade.
Mas o que se viu neste Europeu foi um guarda-redes com o seu processo de crescimento totalmente concluído e que foi um dos grandes obreiros deste título europeu. Ontem fez uma exibição perfeita! Mesmo no único lance em que a bola passou por ele e foi ao poste, caso levasse a direcção da baliza ia encontrar o pé dele no caminho.
Para o nosso Rui, o meu enorme Obrigado!

Patinho feio nº 2














Ao Fernando Santos começo por pedir desculpa. Peço desculpa porque não tinha a fé inabalável dele. Ele sempre acreditou. Eu só acreditei quando o árbitro apitou. Ele tinha a sua ideia e seguiu-a até ao fim. Eu não acreditava nela até ao Éder marcar. É verdade que começámos mal, mas ele foi corrigindo os erros e eu não me apercebi que ele tinha um plano para lá chegar. O plano não era bonito, mas era um plano e ele ia fazer tudo para que o cumpríssemos. E como nos fazia falta ter um plano!
Isto de ter um engenheiro a treinador de futebol afinal tem sentido, pois se há coisa importante para um engenheiro é seguir um plano e entregar a obra feita!
Para o Fernando Santos, um enorme pedido de desculpas, por não ter percebido qual era o seu plano e não ter tido a fé que ele teve. E por isso tudo também o meu enorme Obrigado!

Patinho feio nº 3



Éder, Éderzito, Enorme Éder. O herói nacional mais improvável e o mais injustiçado de todos os jogadores da Selecção que ontem se tornou na nova Campeã da Europa. E eu aqui me penitencio, besta que nada percebe de futebol, pois tantas vezes me perguntei o que raio estavas lá tu a fazer e nunca consegui perceber que estavas lá para nos fazer Campeões da Europa.
Se a visão de que precisávamos de alguém para fixar os centrais e segurar o jogo na frente foi do Fernando Santos, a vontade, a crença e a força foi toda tua. A forma como pegaste na bola e tentaste o remate ainda longe da baliza, com a fé de quem vai fazer história, foi impressionante. Eras um homem com uma missão e cumpriste-a a 100%. Por tudo isto tenho duas coisas para te dizer:
DESCULPA E UM ENORME OBRIGADO!

E é por causa de todos estes patinhas feios que acabo este post em lágrimas e a dizer:

VIVA PORTUGAL!

quarta-feira, 8 de junho de 2016

De candeias às avessas

Acho curioso que os jornalistas que andam no twitter sejam tão sensíveis às críticas e aos confrontos com a verdade. São raros os jornalistas que sigo e contam-se pelos dedos das mãos as vezes que interagi directamente com esses "profissionais". No entanto, há vários que me bloquearam e há mesmo dois casos que eu considero notáveis pois NUNCA interagi com eles e bloquearam-me: nuno farinha e luís mateus. Mas porque vem isto ao assunto? Porque ontem houve mais um jornalista que decidiu passar por vítima: pedro candeias. Na sua conta de twitter ele escreveu:


Que fique bem claro que não me lembro de ter interagido directamente com este senhor, mas eles faz parte de um vasto grupo de jornalistas que opina de camisola vermelha vestida. É obviamente um lampino e nem faz por escondê-lo. Nada contra, até porque aquilo que ele faz é mais crónica do que jornalismo e, nesse formato, o desvio para o gosto pessoal é aceitável. O que não entendo é o porquê destes jornalistas/cronistas não assumirem a sua cor clubística quando ela é por demais evidente. O jornalismo português em geral e o desportivo em particular precisam de sair do armário. Assumam-se, não tentem passar por isentos porque não o são. Prefiro uma imprensa à espanhola, com as cores bem assumidas, mesmo que isso signifique o Sporting ter pouco espaço mediático. Não precisamos dele. O atlético não o tem em Espanha e isso não lhe rouba protagonismo dentro de campo.
Este jornalismo "isento" que temos em Portugal traz com ele um grande perigo: a manipulação. Quando alguém se apresenta como isento está, supostamente, a apresentar uma versão neutra dos factos, logo, ganha credibilidade. É com esse capital de credibilidade que jornais como a bola ainda enganam todos os dias milhares de leitores, impondo uma realidade totalmente manipulada e sempre em benefício dos mesmos.
Voltando ao sr. candeias, quem se expõe na internet corre riscos. Eu escondo-me atrás de um avatar por já ter sido alvo de ameaças noutros fóruns em que escrevi em nome próprio e preferi tornar-me anónimo. Ser trollado é algo normal nas redes sociais e só se pica que tem agulhas. Não é uma coisa boa, mas é o que é. Na questão da realidade virtual é que "a porca torce o rabo". A realidade virtual é, de facto, criada pelos meios de comunicação social, com destaque para a imprensa desportiva. Deixem-me só enumerar algumas situações em que o silêncio da comunicação social contribuiu e contribui para a criação de realidades virtuais:

1. A teia de corrupção que o porto criou e manteve durante quase 30 anos em portugal. A comunicação social sempre ignorou o fenómeno;
2. Manipulação de resultados no futebol português;
3. Presidentes de clubes com dívidas gigantescas na banca assumidas pelo estado em que não há um jornalista capaz de o confrontar com uma simples pergunta; "Onde está este dinheiro? Porque estamos todos a pagar isto?"
4. Presidentes de clube com ligações a negócios mafiosos de "venda de protecção";
5. Agentes de jogadores que estão a ser investigados por negócios pouco claros que envolvem clubes portugueses;
6. Directores de clubes envolvidos em mega-operações de tráfico de droga;
7. Transferências envolvendo clubes portugueses e cartéis de droga mexicanos.

Isto são só alguns exemplos da realidade que a comunicação social desportiva portuguesa se esforça por esconder e é por isso que estes discursos moralistas não passam de palavras balofas de alguém que, ou não lê bem a realidade, ou está deliberadamente a fechar os olhos.

Ps: Não deixa de ser curioso ser um jornalista do expresso a estar com esta conversa. Relembro que o expresso não tem grandes problemas em varrer a verdade para debaixo do tapete como fez com a lista de jornalistas pagos pelo saco azul do bes. Quantos serão da área do desporto?

SL

Regresso

Decidi, após quase um ano de paragem, reactivar o blogue. A época desportiva passou e fui dizendo o que passava pela cabeça no twitter, mas sempre com muito pouco tempo para escrever mais do que os  140 caracteres.
Isto não quer dizer que vá conseguir escrever com grande regularidade, mas prometo escrever sem ser de ano a ano.
Aproveitei e dei uma limpeza à casa. Espero que gostem.

Saudações Leoninas!