quarta-feira, 8 de junho de 2016

De candeias às avessas

Acho curioso que os jornalistas que andam no twitter sejam tão sensíveis às críticas e aos confrontos com a verdade. São raros os jornalistas que sigo e contam-se pelos dedos das mãos as vezes que interagi directamente com esses "profissionais". No entanto, há vários que me bloquearam e há mesmo dois casos que eu considero notáveis pois NUNCA interagi com eles e bloquearam-me: nuno farinha e luís mateus. Mas porque vem isto ao assunto? Porque ontem houve mais um jornalista que decidiu passar por vítima: pedro candeias. Na sua conta de twitter ele escreveu:


Que fique bem claro que não me lembro de ter interagido directamente com este senhor, mas eles faz parte de um vasto grupo de jornalistas que opina de camisola vermelha vestida. É obviamente um lampino e nem faz por escondê-lo. Nada contra, até porque aquilo que ele faz é mais crónica do que jornalismo e, nesse formato, o desvio para o gosto pessoal é aceitável. O que não entendo é o porquê destes jornalistas/cronistas não assumirem a sua cor clubística quando ela é por demais evidente. O jornalismo português em geral e o desportivo em particular precisam de sair do armário. Assumam-se, não tentem passar por isentos porque não o são. Prefiro uma imprensa à espanhola, com as cores bem assumidas, mesmo que isso signifique o Sporting ter pouco espaço mediático. Não precisamos dele. O atlético não o tem em Espanha e isso não lhe rouba protagonismo dentro de campo.
Este jornalismo "isento" que temos em Portugal traz com ele um grande perigo: a manipulação. Quando alguém se apresenta como isento está, supostamente, a apresentar uma versão neutra dos factos, logo, ganha credibilidade. É com esse capital de credibilidade que jornais como a bola ainda enganam todos os dias milhares de leitores, impondo uma realidade totalmente manipulada e sempre em benefício dos mesmos.
Voltando ao sr. candeias, quem se expõe na internet corre riscos. Eu escondo-me atrás de um avatar por já ter sido alvo de ameaças noutros fóruns em que escrevi em nome próprio e preferi tornar-me anónimo. Ser trollado é algo normal nas redes sociais e só se pica que tem agulhas. Não é uma coisa boa, mas é o que é. Na questão da realidade virtual é que "a porca torce o rabo". A realidade virtual é, de facto, criada pelos meios de comunicação social, com destaque para a imprensa desportiva. Deixem-me só enumerar algumas situações em que o silêncio da comunicação social contribuiu e contribui para a criação de realidades virtuais:

1. A teia de corrupção que o porto criou e manteve durante quase 30 anos em portugal. A comunicação social sempre ignorou o fenómeno;
2. Manipulação de resultados no futebol português;
3. Presidentes de clubes com dívidas gigantescas na banca assumidas pelo estado em que não há um jornalista capaz de o confrontar com uma simples pergunta; "Onde está este dinheiro? Porque estamos todos a pagar isto?"
4. Presidentes de clube com ligações a negócios mafiosos de "venda de protecção";
5. Agentes de jogadores que estão a ser investigados por negócios pouco claros que envolvem clubes portugueses;
6. Directores de clubes envolvidos em mega-operações de tráfico de droga;
7. Transferências envolvendo clubes portugueses e cartéis de droga mexicanos.

Isto são só alguns exemplos da realidade que a comunicação social desportiva portuguesa se esforça por esconder e é por isso que estes discursos moralistas não passam de palavras balofas de alguém que, ou não lê bem a realidade, ou está deliberadamente a fechar os olhos.

Ps: Não deixa de ser curioso ser um jornalista do expresso a estar com esta conversa. Relembro que o expresso não tem grandes problemas em varrer a verdade para debaixo do tapete como fez com a lista de jornalistas pagos pelo saco azul do bes. Quantos serão da área do desporto?

SL

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